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Luz negra: rabiscos, collages e guaches surrealistas

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Descrição

Michael Löwy

Luz negra: rabiscos, collages e guaches surrealistas

Imagens marcadas pelo movimento de exploração dos devaneios, associação livre de elementos de natureza distintas, estudos estéticos do pensamento metafísico, amostra de exercícios de navegação pelo inconsciente por meio do automatismo psíquico – nas mãos de Michael Löwy, pensador marxista, ecossocialista e surrealista radicado na França, conceitos filosóficos ganham forma de quimeras no papel em traços marcados, acima de tudo, pela espontaneidade.

Em Luz negra: rabiscos, collages e guaches surrealistas as edições 100/cabeças apresentam pela primeira vez o trabalho visual de Löwy. Trata-se de um panorama de sua produção, que se inicia a partir de seus primeiros contatos com o surrealismo ainda na juventude, quando encontra Benjamin Péret em 1958, em Paris, e chega aos dias atuais. Marcante em seus estudos, o uso do traço livre percorre o branco das páginas dando contornos fluidos e cores que demarcam os territórios do inconsciente.

“São collages, desenhos e pinturas criadas quando o espírito surrealista intervém, toma automaticamente a mão do artista e faz com que ele amplie a realidade a partir dos seus desejos” destacam Alex Januário e Elvio Fernandes na apresentação do livro.

A arte é apresentada nesta publicação pela perspectiva surrealista, ou seja, como um “mecanismo, uma ferramenta anticapitalista de transformação e emancipação do espírito”. Diante dessas manifestações plásticas, escrevem Januário e Fernandes, instaura-se a liberdade.

Para Löwy, essa prática alquímica acontece na passividade de pausas que se dão no interstício entre o voluntário e o involuntário, geralmente durante reuniões políticas enquanto toma notas no papel. Assim, “num certo momento, inconscientemente (?), começo a rabiscar monstros e quimeras em cima do texto supostamente sério”, escreve o autor a respeito dos rabiscos filosóficos, demônios do pensamento insurgente, apresentados na primeira parte da publicação.

O exercício surrealista que conduz as investigações visuais de Löwy envereda também para o terreno da collage, equivalente à linguagem e à imagem poética dos surrealistas, na definição de Max Ernst. São várias as formas e suportes empregados pelo autor ao transfigurar a realidade por via dessa prática.

“Há um cadáver delicioso composto voluptuosamente página a página, imagem a imagem, em que seu posicionamento surrealista, seus conceitos filosóficos e poéticos, insurgentes e revolucionários se encontram no profano fulgor filosofal da imagem” destacam Alex Januário e Envio Fernandes.

Sobre o autor

Michael Löwy (São Paulo, 1938) é diretor emérito de pesquisas no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), em Paris. Em 1960, licenciou-se em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e doutorou-se pela Sorbonne no ano de 1964, sob a orientação de Lucien Goldman. O caráter internacionalista de sua visão insurgente e poética da vida começa a se revelar a partir de 1958, quando vai a Paris e, por meio de Paulo Emílio Sales Gomes, estabelece contato com o poeta surrealista Benjamin Péret. A potência desse encontro marcaria profundamente o seu pensamento.

Esteve presente quando a Association des amis de Benjamin Péret foi fundada, em maio de 1963. No início da década de 1970, passa a atuar junto ao Grupo de Paris do movimento surrealista, ao lado de Vincent e Micheline Bounoure, Michel Zimbacca, Marianne van Hirtum, entre outros. Suas atividades se intensificam e estendem-se para Chicago, via Penelope e Franklin Rosemont (com quem mantém correspondência ativa) e Praga, onde se encontra com Vratislav Effenberger e Martin Stejskal. Nas décadas de 1980 e 1990, e adentrando os anos 2000, Michael amplia seus contatos com diversos grupos, como o Grupo Surrealista de Madri com o qual, junto a Lurdes Martínez, José Manuel Rojo e Eugenio Castro, segue com ações e discussões.

Atualmente, ao lado de Guy Girard, Virginia Tentindo, Sylwia Chrostowska, Joël Gayraud, entre outros, Löwy anima reuniões do Grupo de Paris no café L’Escalier, no décimo arrondissement. Com vasta obra publicada no campo da sociologia e do pensamento marxista libertário, Löwy estabelece afinidades entre romantismo e surrealismo como formas de combater a pouca realidade dada pela lógica mercantilista que busca reger a sociedade.



Ficha técnica

Título: Luz negra: rabiscos, collages e guaches surrealistas
Autor: Michael Löwy
Edição bilingue, tradução: Bruno Costa, Diogo Cardoso, Rafael Ireno
Apresentação: Alex Januário e Elvio Fernandes
Projeto Gráfico: Daniel Justi
Encadernação: Brochura
Número de páginas: 48
Formato: 23×30,5
ISBN: 978-65-87451-14-5
Preço: R$ 190,00
Ano da publicação: 2023